O Cinema Expandido tem como propósito
encontrar um diálogo entre o filme, o espaço físico onde este é apresentado e o
espectador (Hibridização de linguagens)
com o objetivo de procurar uma nova forma de imersão do espectador no filme. Parafraseando
Natália Aly Menezes : “O espaço é incluído ao filme e não o filme é incluído ao
espaço específico em que ele seria projetado.” É nesse ambiente espaço-filme,
onde o espectador irá construir a sua ligação com a obra. As imagens passam a
reagir a qualquer ação do espectador, como se existisse uma comunicação entre
os vários componentes da obra com o espectador. É necessário esclarecer que
isso vai além de uma simples troca com a imagem, todo o ambiente pode ser
composto por sensores, som, etc., componentes esses que, quando ligados, é que
constituirão o sentido primário da obra.
Isaac Julien. Ten
Thousand Waves. 2010.
O artista faz uso de múltiplas
telas em projeção simultânea nesta instalação, chegando às nove telas na última
obra, juntando a edificação do espaço através da disposição das telas e da ligação
com o som. Esta instalação procura “quebrar hábitos normativos”: as múltiplas
telas trazem outros pontos de vista simultâneos, levando o espectador a
deslocar-se. Este ambiente cheio de estímulos sensórios trás uma diferente
experiência cinemática também no que se refere à identificação do espectador.
Para Julien, esta instalação instiga uma experiência nova e intrigante, determinando
uma outra relação de imagens, sons, espaço e espectador.
O que diferencia o cinema
expandido do cinema é o efeito das tecnologias digitais na experiência do
espectador e, como tal, no aparecimento de uma nova subjetividade e novas
formas de relacionar com as imagens. Este elemento decisivo estabelece
igualmente as distâncias e continuidades entre as práticas do cinema expandido
dos anos 60-70 e as novas experimentações. Para Julien, a passagem do
celulóide do filme para a tecnologia digital trás alterações e reconfigurações decisivas
para a chegada de novas experimentações e inovações. Assim, museus e galerias
seriam o local de excelência para intervenções criativas, não mais confinado à
sala de cinema. Neste novo cinema expandido haveria uma exploração do
espaço, do som e das múltiplas projeções facilitadas pela tecnologia digital
que fazem emergir uma outra experiência estética. Assim, este público das
galerias teria expectativas diferentes em relação ao público da sala do cinema.
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