domingo, 9 de fevereiro de 2014

Cinema Expandido - Isaac Julien. Ten Thousand Waves. 2010


O Cinema Expandido tem como propósito encontrar um diálogo entre o filme, o espaço físico onde este é apresentado e o espectador (Hibridização de linguagens) com o objetivo de procurar uma nova forma de imersão do espectador no filme. Parafraseando Natália Aly Menezes : “O espaço é incluído ao filme e não o filme é incluído ao espaço específico em que ele seria projetado.” É nesse ambiente espaço-filme, onde o espectador irá construir a sua ligação com a obra. As imagens passam a reagir a qualquer ação do espectador, como se existisse uma comunicação entre os vários componentes da obra com o espectador. É necessário esclarecer que isso vai além de uma simples troca com a imagem, todo o ambiente pode ser composto por sensores, som, etc., componentes esses que, quando ligados, é que constituirão o sentido primário da obra.
https://www.youtube.com/watch?v=lM32TL7VnOw

Isaac Julien. Ten Thousand Waves. 2010.


O artista faz uso de múltiplas telas em projeção simultânea nesta instalação, chegando às nove telas na última obra, juntando a edificação do espaço através da disposição das telas e da ligação com o som. Esta instalação procura “quebrar hábitos normativos”: as múltiplas telas trazem outros pontos de vista simultâneos, levando o espectador a deslocar-se. Este ambiente cheio de estímulos sensórios trás uma diferente experiência cinemática também no que se refere à identificação do espectador. Para Julien, esta instalação instiga uma experiência nova e intrigante, determinando uma outra relação de imagens, sons, espaço e espectador.

O que diferencia o cinema expandido do cinema é o efeito das tecnologias digitais na experiência do espectador e, como tal, no aparecimento de uma nova subjetividade e novas formas de relacionar com as imagens. Este elemento decisivo estabelece igualmente as distâncias e continuidades entre as práticas do cinema expandido dos anos 60-70 e as novas experimentações.  Para Julien, a passagem do celulóide do filme para a tecnologia digital trás alterações e reconfigurações decisivas para a chegada de novas experimentações e inovações. Assim, museus e galerias seriam o local de excelência para intervenções criativas, não mais confinado à sala de cinema. Neste novo cinema expandido haveria uma  exploração do espaço, do som e das múltiplas projeções facilitadas pela tecnologia digital que fazem emergir uma outra experiência estética. Assim, este público das galerias teria expectativas diferentes em relação ao público da sala do cinema.

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